Luis Fabiano caminha entre o amor e o ódio no São Paulo. O que faz em campo mostra com exatidão como é tênue a linha que separa a idolatria das vaias da torcida. Contra o Fluminense, foi decisivo, abriu o caminho para a vitória, mas levou um cartão amarelo por reclamação e vai desfalcar o time na próxima rodada, domingo, contra o Botafogo. Enquanto lidera com folga a artilharia tricolor no ano com 18 gols, o centroavante amarga um novo ano de pouca frequência.
Entre lesões, suspensões, descanso e uma convocação para a seleção brasileira, o Fabuloso ficou fora de 22 das 54 partidas disputadas pelo Tricolor em 2013. O número cresce se somada a rodada do fim de semana. Com mais essa ausência, o jogador ultrapassa 41% de duelos perdidos. É como se ele ficasse fora de uma partida a cada duas disputadas.
Os motivos se dividem. Foram 13 partidas afastado por lesões. Desde o início do ano, ele acumulou problemas na panturrilha esquerda, coxa esquerda, coxa direita e dores nas costas. Os incômodos musculares o tiraram da excursão por Alemanha, Portugal e Japão. Na volta do grupo, enfrentou a Portuguesa, mas acabou perdendo os dois jogos seguintes (Atlético-PR e Flamengo) em virtude de uma lombalgia.
As suspensões foram os problemas que mais repercutiram contra o Fabuloso. A começar pelas ofensas ao árbitro Wilmar Roldán após o empate contra o Arsenal, da Argentina, no Pacaembu, pela fase de grupos da Taça Libertadores. Os quatro jogos do gancho impostos pela Conmebol fizeram o atacante voltar apenas no segundo duelo das oitavas diante do Atlético-MG.
Era tarde para impedir a eliminação. Era também o começo da ira da torcida e dos gritos de “pipoqueiro”. A diretoria se irritou e cogitou vendê-lo. O centroavante, irritado, também pensou em sair, mas se acertou com o presidente Juvenal Juvêncio e decidiu ficar. Ele ainda recebeu um cartão vermelho diante do Bahia e soma uma punição por acúmulo de advertências.
Além disso, Luis Fabiano contabiliza três jogos em que foi poupado pelo técnico Ney Franco do Campeonato Paulista em virtude da Libertadores e mais um por estar servindo à seleção brasileira em amistoso contra a Inglaterra. Depois de alternar bons e maus momentos, não mais foi chamado pelo técnico Luiz Felipe Scolari.
Em comparação com o restante do elenco, a diferença de presenças é grande. O atacante Aloísio, reserva em boa parte da temporada, lidera a estatística, com 46 atuações - ele também está suspenso e não pega o Botafogo. O goleiro Rogério Ceni, o lateral-direito Douglas e o volante Wellington dividem o segundo lugar, com 43 partidas disputadas.
Luis Fabiano, porém, também tem números a seu favor. Ele contraria o rótulo de ficar fora dos clássicos. Até agora, só não participou do empate por 0 a 0 contra o Corinthians, pelo Brasileirão, e atuou nos outros cinco, mas não fez gol. Mesmo assim, a conta dele é expressiva. São 18 em 32 jogos, liderando com folga a artilharia tricolor – Aloísio aparece em segundo, com 12.
O Fabuloso não consegue engrenar desde que voltou ao São Paulo, em 2011, para ser uma das referências da equipe. No ano passado, a média de atuações foi semelhante. Dos 78 jogos do time, ele esteve em campo em 44. Foram 34 perdidos. Mesmo assim, esteve de bem com as redes, anotando 31 gols, média de 0,70.
A diretoria do São Paulo foge do atrito com um dos jogadores mais importantes do elenco justamente em um momento tão turbulento do time no Brasileirão. No entanto, apesar dos elogios ao poder de fogo do ataque, os dirigentes reconhecem que as atuações poderiam ser mais frequentes.
- Óbvio que não ficamos felizes na medida em que ele é um jogador importantíssimo. Mas, no domingo, ele mostrou que é diferente, fez um gol que pouca gente acreditaria que pudesse ser feito . O ideal seria contar com ele mais tempo possível, mas em algumas circunstâncias nem ele consegue se segurar. Houve um pouco de excesso (do árbitro), mas não quero acobertar o cartão - disse o vice-presidente de futebol João Paulo de Jesus Lopes.
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