Presidente rouba a cena na primeira entrevista do novo treinador, reclama da imprensa, e volta a isentar diretoria de culpa por má fase do São Paulo.
A apresentação era de Paulo Autuori, mas o show, como de costume, foi de Juvenal Juvêncio. O presidente falou, falou, falou... Muito mais do que o treinador. Arrancou algumas risadas, caras feias, e voltou a demonstrar imensa dificuldade em admitir parcela de responsabilidade no mau momento do São Paulo. Além disso, decidiu virar “editor”. Pautou a imprensa. Determinou o que os jornalistas deveriam ter publicado, reclamou dos “interesses da mídia”, e até chamou atenção de dirigentes e funcionários.
Enquanto o chefe transformou cada resposta num longo discurso, Autuori ficou quase o tempo todo com o habitual semblante sério. Juvenal recorreu a recursos já conhecidos para se defender de críticas, que nem foram tão fortes. Voltou a dizer, por exemplo, que pouco repercutiu a troca quase total do grupo nos últimos 18 meses.
- Só ficou o Rogério Ceni, mas poucos registraram. Sei bem os interesses da mídia. Quero ser confrontado - disse, ao destacar que mexeu no elenco após maus resultados entre 2010 e 2012.
Em seguida, ao flagrar o assessor de imprensa conversando em voz baixa, imperceptível, com um jornalista, reclamou: “Tô falando, tô falando, deixa eu falar”. Sobrou também para o vice-presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, que entrou na sala de imprensa quase no fim da entrevista, durante uma das respostas de Juvenal.
- Olha o Leco aí, chegou agora. Disseram que ele vetou o Muricy, não é verdade. Sejamos justos. Ele não falou nada, até porque ele não tem poder de veto. Se tivesse falado, não seria ouvido - afirmou, sem deixar de citar a elegância do vice.
Novamente questionado sobre a sequência de quatro derrotas no Morumbi, recorde negativo na história do São Paulo, o dirigente, no poder desde 2006, voltou a reclamar da pergunta do jornalista. Disse que ele estava agregando derrotas de outros anos para “embasar críticas”. E brincou com Autuori, arrancando um sorriso do técnico.
- Vocês têm de espremer mais o Paulo!
Em meio a tantas palavras, Juvenal caiu em contradição. Negou que o problema era administrativo, e listou todas as atribuições cumpridas pelo presidente. Em uma delas, disse que “pune quando tem de punir”. Porém, algumas perguntas depois, questionado sobre uma possível pena a Luis Fabiano, expulso novamente diante do Bahia, se esquivou, e jogou a decisão para o vice-presidente João Paulo de Jesus Lopes, e o diretor Adalberto Baptista.
- São eles que decidem. Como não falaram nada, acho que não vão punir.
O presidente voltou a virar “editor” quando o assunto eleições de 2014 foi à pauta. Disse que esse processo só interessa aos jornalistas, mas garantiu que a situação vencerá. Logo em seguida, em um dos momentos mais inusitados, leu uma relação com todos os técnicos do Corinthians desde 2003, para alegar que não é só o Tricolor que troca com frequência.
- Já que vocês se esqueceram, não vão perguntar, então eu falo.
Juvenal Juvêncio também fez um apelo. Ao explicar por que contrariou a torcida, que pedia Muricy Ramalho, e contratou Paulo Autuori, disse que o gestor usa a razão, enquanto os fãs agem com paixão. Mas destacou:
- Eu tenho muito respeito pela torcida. Vamos ver se vai sair isso (na imprensa).
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