Aliados insatisfeitos adotam cautela, e sabem que também têm de vencer Marco Aurélio Cunha para conseguirem chapa. Eleição no São Paulo é restrita a dois candidatos.
As eleições de abril de 2014 no São Paulo, que caminham para uma disputa entre o candidato indicado pelo presidente Juvenal Juvêncio à sucessão e o ex-superintendente Marco Aurélio Cunha, podem sofrer reviravolta. Um grupo de aliados de Juvenal, insatisfeito com o atual governo no clube, conversa para tentar romper a situação e lançar um outro candidato a partir da situação, para concorrer com o indicado à sucessão.
Como cada candidato precisa de uma chapa com 55 conselheiros vitalícios, e há 160 no total, a eleição no São Paulo é restrita à disputa entre dois candidatos. Este grupo de aliados de Juvenal que estuda a possibilidade de lançar um candidato ao pleito de abril de 2014 quer tentar suprimir a tentativa de candidatura de Marco Aurélio, para disputar com o sucessor de Juvenal.
O grupo dissidente, no entanto, estuda com cautela o caminho a ser trilhado para conseguir lançar um candidato e não cometer suicídio político no São Paulo. O receio é romper com o atual governo de Juvenal Juvêncio e não conseguir desbancar Marco Aurélio Cunha. Se isso acontecesse, ficaria sem participação política em nenhum dos lados.
Para quem apoia Marco Aurélio, na oposição, este grupo de candidatos pode não representar um obstáculo, mas sim uma brecha. O argumento é que a ruptura na situação enfraqueceria o indicado por Juvenal, e não conseguiria reunir os 55 vitalícios no Conselho. Assim, facilitaria não só a confirmação de candidatura, mas daria maiores chances a Marco Aurélio na eleição presidencial.
Quem apoia Juvenal Juvêncio nega a possibilidade de ruptura, mesmo que no futuro. O argumento é a reunião de anteontem do Grupo Participação – de Juvenal Juvêncio –, que, segundo aliados, reuniu 150 conselheiros. Lá, no entanto, estavam alguns dos que estudam a possibilidade de romper a situação.
O diretor de futebol Adalberto Baptista, que era tido como um dos preferidos de Juvenal Juvêncio para a sucessão, perde força a cada dia no Conselho. O vice-presidente Carlos Augusto de Barros e Silva (Leco) e o vice social Roberto Natel disputam a preferência no Conselho para a vaga.
PREFERIDOS DE JUVENAL PARA A SUCESSÃO
Leco
Carlos Augusto de Barros e Silva, vice-presidente do São Paulo, é o coordenador da campanha política da situação para abril de 2014, e aparece hoje como nome mais forte para ser indicado pelo presidente Juvenal Juvêncio. Apesar de não fazer mais parte da diretoria de futebol, enfrenta rejeição entre os conselheiros pelo mau momento do time. Ele, no entanto, é visto por Juvenal e pelos conselheiros como mais preparado para o cargo e capaz de concentrar poder no Conselho. Hoje, é o primeiro entre os favoritos.
Roberto Natel
Parente distante do ex-presidente Laudo Natel, é vice-presidente social e de esportes amadores do São Paulo, e responsável pela gestão do Morumbi. Sem experiência política influente na diretoria, é pouco popular no Conselho, e enfrentaria resistência para ser eleito. Não é culpado pelos conselheiros pela má fase do time, por não fazer parte do departamento de futebol. É alternativa caso a rejeição a Leco cresça até o fim do ano. Hoje, participa menos ativamente da campanha à sucessão, diz que não é candidato e aguarda posição de Juvenal.
Adalberto Baptista
Braço-direito de Juvenal Juvêncio e figura mais forte do São Paulo, hoje, o diretor de futebol tem total apoio do presidente no clube, mas enfrenta cada vez mais rejeição no Conselho e na própria diretoria. Hoje, é ele quem contrata e demite no departamento de futebol. É quem Juvenal escolheria para a sucessão, mas já é tido como alternativa para o futuro, e não para agora, por conta da turbulência vivida pelo time. Diretoria e Conselho o criticam por segurar o técnico Ney Franco no cargo, apesar da pressão.
INSATISFAÇÃO DE ALIADOS: POR QUÊ?
Centralização
A crítica principal do grupo de aliados da situação que estuda a ruptura é a centralização de poder de Juvenal Juvêncio. O presidente mudou o estatuto do clube para estender o mandato de dois para três anos, e para se reeleger, em 2011. A partir de então, concentrou todo o poder e, segundo os insatisfeitos, não permite que o resto da diretoria participe de forma ativa nas decisões que envolvem o clube.
Profissionalização
Outra crítica é quanto a falta de profissionais remunerados em diferentes áreas do clube. Segundo os insatisfeitos, o São Paulo carece de funcionários em diversos departamentos – inclusive no futebol –, por desejo de Juvenal. Concentrar os departamentos nas mãos de diretores conselheiros permitiria ao presidente manter a concentração de poder.
Futebol
A crítica a Juvenal Juvêncio pela conduta ao departamento de futebol se dá pelos fracassos do time nos últimos anos, e pela decisão de manter Adalberto Baptista à frente do futebol profissional e, agora, do CFA de Cotia. Os insatisfeitos argumentam que é vital a presença de um profissional remunerado no departamento, que não poderia estar plenamente nas mãos de Adalberto. Dizem que qualquer sugestão de fora é recusada.